BUS RAPID TRANSIT NO RAMAL DA LOUSÃ? A Transportes em Revista promoveu, no dia 8 de março, um debate sobre a possibilidade de uma solução Bus Rapid Transit, para a região de Coimbra, no âmbito do Sistema de Mobilidade do Mondego. De escala intermunicipal, aquele projeto de mobilidade previa a modernização do Ramal da Lousã, com a implementação de um sistema tram-train, melhorando a ligação entre os concelhos de Coimbra, Miranda do Corvo e Lousã, abrindo a possibilidade de alargar o serviço ferroviário ao meio citadino. Perante a situação de impasse em que o projeto se encontra, resultado das dificuldades económico-financeiras do País, foi discutida a hipótese de adotar uma solução de transporte alternativa, com semelhante nível de serviço, mas suportada em autocarros, eventualmente apetrechados com sistema guia. A uMOVE foi convidada a participar no debate, introduzindo a dimensão do ordenamento espacial, procurando contribuir para uma reflexão mais alargada. Paulo Silvestre sublinhou a importância de se capitalizar o investimento, independentemente da solução tecnológica, reforçando as interdependências entre o sistema de transporte e o território. INVERSÃO DA TENDÊNCIA NOS HÁBITOS DE TRANSPORTE NOS EUA Os norte-americanos estão a mudar os seus hábitos de transporte dentro das zonas urbanas. No país com maior taxa de motorização, a nível mundial, com perto de 800 veículos por mil habitantes, tem-se verificado uma redução na utilização do automóvel, e um aumento do uso dos modos suaves de transporte! Esta mudança verifica-se nos maiores centros urbanos dos EUA desde 2006. Os dados mostram um decréscimo do número de milhas percorridas por veículo (VMT) per capita, um decréscimo na proporção de trabalhadores que se deslocam de carro para o trabalho e ainda um decréscimo na proporção de agregados familiares com carro. Por outro lado, verifica-se um aumento do uso do transporte púbico e um aumento da proporção de trabalhadores que se deslocam de bicicleta para o trabalho. As razões para esta mudança serão diversas: - alguma saturação da condução (registando-se um menor número de veículos por condutor e um menor número de licenças de condução. Os americanos terão atingido o limite de tempo que estão dispostos a perder nas deslocações); - alterações sócio-demográficas (por um lado, com o envelhecimento da população, há cada vez mais pessoas que conduzem cada vez menos; por outro, a gradual redução da massa trabalhadora, em termos gerais, também implica menor número de viagens, acumulando-se ainda o aumento da proporção de indivíduos que trabalham a partir de casa); - custo dos combustíveis (se durante décadas o custo dos combustíveis foi relativamente baixo, entre 2002 e 2012 o preço duplicou, não sendo previsível que se verifique uma descida significativa); - aumento do uso de outros modos de transporte, como metro, autocarro, comboio, bicicleta ou a pé (em resultado de uma maior oferta e serviços de transporte, e também à escolha de uma nova geração). |
A BICICLETA EM PORTUGAL De entre os estados membros da União Europeia, Portugal apresenta das menores taxas de utilização de bicicleta, com uma quota de 1,6% das deslocações. Apenas Chipre e Malta têm valores inferiores. Segundo o Eurobarómetro e de acordo com dados de 2010, Portugal apresenta uma estrutura modal globalmente similar à dos restantes países da UE, ainda que os modos activos de deslocação revelem proporções de uso muito distintas. O automóvel é o principal modo de transporte em Portugal com 52,9% de quota, em linha com a média europeia, surgindo o transporte público na segunda posição com 21,9%. No entanto, as descolações a pé têm um peso específico consideravelmente maior em Portugal, comparativamente à média europeia (17,7% contra 12,6%) em detrimento da bicicleta com uma quota de apenas 1,6%. Note-se que no conjunto da UE, o modo cicloviário se situa nos 7,4%, apresentando vários países taxas de utilização muito superiores, como os Países Baixos (com 31,2%), a Hungria (19,1%), a Dinamarca (19%), a Suécia (17,1%), a Bélgica (13,4%), a Alemanha (13,1%) e a Finlândia (12,5%). QUANTO CUSTA TER UM AUTOMÓVEL? O blog Vera Veritas apresenta um estudo sobre os gastos com o automóvel, com base nos dados estatísticos do INE de 2010/2011. Para além dos custos privados mensais por veículo, são apresentadas também as despesas globais com o transporte automóvel em Portugal e sua relação com o PIB, integrando as despesas das famílias, os impostos, as externalidades, o orçamento de Estado para Estradas de Portugal, infraestruturas e sinalização rodoviária municipal. O total representa 7,7% do PIB. No que diz respeito ao gasto médio mensal das famílias com o automóvel, o valor apurado é de €244, que inclui os custos de uso mas também de propriedade (combustíveis, aquisição, manutenção e reparação, seguros, UIC e obtenção de licença de condução). Num ano, este valor corresponde a 4 salários médios em Portugal, ou seja ⅓ do rendimento médio anual. |
CORREDORES BUS PARTILHADOS? A associação de utilizadores de bicicleta MUBI apresentou recentemente um comunicado apelando à autorização, pelas autarquias, do uso dos corredores BUS por ciclistas. A Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBI) advoga o uso partilhado dos corredores de circulação até agora reservados a transportes públicos, ao constituírem uma solução vantajosa para ciclistas, em termos de segurança e conveniência. Aquela organização pugna por um corredor BUS/BICI que corresponda a uma única via de circulação partilhada entre transportes públicos e bicicletas, sem qualquer tipo de segregação entre eles. Defende que esta solução permite melhorar a segurança e conforto dos ciclistas, desde que correctamente desenhada, na medida em que reduz o risco de colisões (com o trânsito em geral e com os próprios autocarros), apresentando ainda a vantagem de um reduzido custo de implantação e menor consumo de espaço, em relação a soluções segregadas. A principal desvantagem será uma possível retardação da marcha dos autocarros, que só ocorrerá, defende a associação, com um aumento substantivo de utilizadores de bicicleta. O documento apresenta uma série de recomendações, baseadas em boas práticas, defendendo que os corredores BUS/BICI deverão ser monotorizados, no sentido de proceder a melhoramentos das soluções. A associação toma posição contrária à partilha do corredor BUS pelos motociclos, justificando que tal solução entra em contradição com outras políticas para a redução das emissões de GEE, para a redução dos consumos energéticos e para a promoção de modos de vida mais saudáveis. Estudos mostram que a frequência de colisões de motociclos com velocípedes por km é substancialmente superior à frequência de colisões de automóveis com velocípedes. |